quinta-feira, 21 de abril de 2011

Educação pública estadual em Goiás - realidades.


Caros colegas, fica evidente que estamos sendo reféns da justiça e do Ministério Público dentro de nossos locais de trabalho. A tragédia de realengo não sensibiliza os magistrados e os “defensores públicos”; para eles lei é lei (se bem que eles a interpretam e reinterpretam a margem das opiniões sociais). Em reportagem do site UOL do dia 20/04/2011, no endereço eletrônico http://educacao.uol.com.br/ultnot/2011/04/20/justica-afasta-diretora-que-estaria-proibindo-entrada-de-alunos-sem-uniforme-em-escola-de-go.jhtm, divulgou-se a INTERVENÇÃO da justiça em questões da escola que, na minha opinião, em primeira instância dever-se-ia ter ouvindo a comunidade escolar.
Além disto, bem sabemos que a cidade de Caldas Novas tem se tornado o paraíso dos entorpecentes e de usuários de todo o país; e o trabalho conjunto entre escola, polícia militar e comunidade deve ser realizado e apoiado. O interessante é que o mesmo Ministério Público, agora do Rio de Janeiro, tem trabalhado diuturnamente para melhorar a segurança e a qualidade de ensino naquele Estado – interpretando a mesma lei.
Quero aqui alertar os caros colegas que ainda não perceberam ou fingem não perceber que estamos em uma situação de CAOS nas escolas públicas estaduais de Goiás. Realengo não está longe de nós, é realidade todos os dias nas salas de aula deste Estado falido; ainda não houve chacina mas isto não tardará se medidas sérias e urgentes não forem tomadas por TODAS as autoridades deste Estado (inclusive o Ministério Público).
Não estou aqui, de forma alguma, defendendo o desrespeito a lei ou ao Estado de Direito. O que quero afirmar é que devemos, enquanto servidores públicos e representantes do Estado, cumprir fidedignamente nossas incumbências como profissionais de ensino. Mas para isso deve haver condições de trabalho dignas e que haja políticas públicas sérias voltadas para o sucesso da nossa empreitada. Pois não ganhamos o Piso Nacional dos Professores (que é lei), nossos locais de trabalho estão (em sua grande maioria) a ponto de desmoronar, convivemos todos os dias com a insegurança, com a ameaça de traficantes, com usuários e com toda sorte de males sociais que afetam a nossa sociedade - que culminam e se acentuam no espaço escolar; não possuímos uma rede de apoio na escola como assistentes educacionais, bibliotecários, psicólogos, assistentes sociais entre outros (como vemos em outras redes); professores desmotivados, desinteressados e sem perspectivas de mudanças ou de melhoria profissional, sendo responsabilizado por todas as mazelas (sim, a culpa sempre é do professor e da escola!); alunos cada vez mais desamparados pelas famílias, com poucos valores morais e sociais, vendo um futuro cada vez mais incerto.
Um companheiro de jornada me disse outro dia: “eu ainda sou utópico!”.  E, apesar de já estar integrado ao sistema (no sentido pejorativo da palavra) eu também sou! Sonho com um salário mais digno (não precisa ser o de um promotor) que não precise ter jornada dupla e tripla de trabalho, gratificações e incentivos profissionais, com uma escola que possua toda uma estrutura física e de profissionais com projetos sociais de atendimento ao aluno. Entenda-se essa estrutura física como quadra poliesportiva, ginásios, laboratórios, bibliotecas bem equipadas (com bibliotecários), monitoramento de segurança, refeitório, consultório médico e odontológico. E por estrutura social entenda-se bolsas de monitorias aos alunos, bolsa de incentivo ao esporte, atendimento médico, odontológico e psicológico na própria escola, parceria forte entre a OVG e a escola para atendimento as famílias e garantia de bolsa universitária integral aos alunos formandos com melhor desempenho. Isto, entre muitas outras coisas que poderiam ser agregadas para a garantia de sucesso do aluno.
É, eu sei, o livro de Thomas Morus chama-se UTOPIA e fala de uma sociedade mais justa. Mas ainda sim é bom sonhar...

Nenhum comentário: